Quem é e o que faz o Game designer?

Olá pessoal hoje a matéria é uma entrevista com Maíra Testa profissional Game Designer que irá falar um pouco sobre a área e responder algumas dúvidas que a galera tem.

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1 - Como é o dia a dia de um Game Designer?

O game designer é o ponto de comunicação dentro de um time de desenvolvimento. Além das tarefas de design - documentar todas as regras do jogo, produzir conteúdo, balancear os valores - o dia-a-dia do designer envolve bastante comunicação com os artistas e os programadores. Muitas das decisões partem dele, e ele é responsável pelo funcionamento geral do jogo. Se algo precisa mudar porque não ficou tão bom quanto parecia no papel quando implementado, ele ajuda a remodelar as regras da melhor forma possível, sempre levando em conta os problemas do time e, claro, como o jogo vai ficar com aquelas mudanças.

2 - Como são divididas as funções na área de games?

Existem algumas áreas principais dentro do desenvolvimento: o game design, a programação, a arte, o som e a qualidade. Em game design o designer vai desenvolver todas as regras do jogo, todos os sistemas e como eles devem funcionar. Na arte os artistas criam as interfaces, personagens e cenários do jogo. O programador implementa as artes desenvolvidas pelo artista de acordo com as regras criadas pelo game designer - ele é responsável por fazer os sistemas funcionarem de fato. O som cuida de efeitos especiais e música, e a equipe de qualidade é focada em testar o jogo, procurar bugs e apontar melhorias. Muitas equipes menores não tem ninguém dedicado a qualidade, o trabalho acaba sendo diluído no time todo.

3 - Qual o maior desafio do Game Designer?

Acho que o maior desafio dessa área é ter que ser multidisciplinar. Não adianta entender muito sobre criar sistemas e não ter pelo menos uma noção de como esses sistemas são programados; não adianta ter ótimas ideias para fazer uma tela de jogo mas não compreender o trabalho envolvido em criar a arte da tela. O designer precisa entender o processo de desenvolver um jogo de ponta-a-ponta. Todos os dias aprendemos um pouco mais.

4 - No desenvolvimento de um jogo, como é decidido se ele vai ter um grande apelo visual ou se ele será mais simples?

Isso vem em parte do artista (ou do produtor, em empresas maiores onde há uma pessoa dedicada ao gerenciamento do projeto) mas em projetos menores essa é uma decisão conjunta do time. Se você está olhando para o público que vai consumir seu jogo, e você sempre deveria estar olhando para isso, a decisão do visual é bem importante. Em jogos independentes a responsabilidade é quase sempre do artista.

5 - E o enredo do jogo?

O enredo do jogo geralmente é criado pelo game designer. Em alguns casos há um roteirista na equipe que cuida dessa parte, mas a definição do tema vem bastante de pesquisa de mercado (principalmente pra jogos comerciais - se você está fazendo um jogo de forma independente, sem envolvimento de alguma empresa, a temática não precisa estar tão ligada ao que faz sucesso no mercado). Para pesquisa costumo procurar entender bastante sobre aquele tema. Digamos que vou fazer um jogo sobre viagens espaciais. Eu começo a pesquisar sobre como é a vida dos astronautas, que tipo de treinamento eles precisam, quais são os efeitos físicos de viajar para o espaço, qual a ciência envolvida. Também procuro muitas referências visuais para ajudar nessa concepção de ideias e poder escrever melhor sobre o assunto. Como disse, algumas equipes tem um ou mais roteiristas dedicados a escrever a narrativa do jogo, mas a criação pode ser um trabalho de toda a equipe. O que costuma ficar atrelado ao game designer ou ao roteirista são os textos de fato.

6 - O mercado de jogos, está mais receptivo a profissionais femininas?

Muito mais. Na verdade o mercado tem sentido falta de profissionais femininas, mas felizmente muito mais mulheres tem buscado entrar na área de jogos. É sempre importante ter diversidade na sua equipe - de gênero, de opção sexual, de cor de pele, de classes sociais - porque assim produzimos jogos melhores que pensam em todos os públicos.

7 - Tendências de jogo indie, isso afeta o mercado?

Afetam bastante. Os jogos indies tem um espaço importante hoje de trazer inovação sem estar presos a orçamento, lucro e exigências corporativas como jogos de empresas muito grandes costumam ter. A parte boa é que o público que consome esses jogos é cada vez maior, e eles elevam a barra de exigência de qualidade e inovação em todos os jogos do mercado. É uma troca muito positiva.

8 - Quais habilidades necessárias e programas que devem ser dominados para iniciar a carreira?

A principal ferramenta do game designer é o Excel. Juro! É possível planejar um jogo inteiro em uma planilha bem feita, então esse é sempre o programa que indico que um designer aprenda a explorar primeiro. É muito importante ter também uma visão geral de como um jogo é feito, do começo ao fim - participar de game jams para fazer jogos em períodos muito curtos de tempo pode ajudar bastante nisso - e também exercitar não só seu lado criativo como o lógico. Design envolve ter boas ideias mas também muita matemática.

9 - O que te inspirou a trabalhar na área?

Foi uma mistura de não ter muito acesso a videogames quando era criança por ser menina com uma vontade muito grande de contar histórias. Sempre tive paixão por escrever e um dia percebi que poderia juntar minha paixão pelos jogos a isso também. O caminho para ser game designer e não roteirista foi um pouco mais por questões práticas, mas a semente foi essa: eu queria contas histórias interativas.

10 - Como é o curso de graduação para ser Game Designer?

A maioria dos cursos de Game Design dá uma visão bem ampla sobre a produção. Você acaba tendo que aprender tudo: a programar, a desenhar, a testar, e também a fazer o design dos jogos (claro). A especialização vem bastante da vontade do aluno.

11 - Alguma dica ou conselho para quem deseja seguir carreira?

Meu conselho é não desistir. Não é uma profissão fácil como parece e muita gente desiste por ter expectativas bem longe da realidade. Procure saber mais sobre como é desenvolver um jogo, teste em casa com programas gratuitos, aprenda a programar, treine a mão com pixel art. Coloque a mão na massa sempre, antes, durante e depois de estudar para ser game designer. O segredo é se manter curioso.

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